quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Devaneios




Eu queria ter o dom de sentir o amor
Sem vícios e sem dor
Construir estruturas inabaláveis com a maestria de sentimentos calculados
Poder esquecer tudo aquilo que me faz infeliz
Compreender que nem tudo nessa longa vida
Pode ser feito da maneira que se espera
E nem com a beleza que se contempla em uma flor-de-lis
O tempo é curto, para aqueles que possuem o tesouro da paz
E demasiado, a todos que vivem no limo da ilusão.
As coisas não vêm fáceis
Aprendi bem minha lição
Mas o que esperar quando a miragem se desfaz?
Reconstruir-se é preciso
Dar-se uma nova oportunidade,
Poder passar a limpo todos os erros,
De uma existência onde personagens misturam os papéis.
Ser aquela que se permite sonhar,
 No entanto, com a certeza de realizar
Mas para tanto, faltam doses a menos de juízo,
culpa, dor e memória completa de pesar.
Com isso, mais uma alma habita na escuridão,
Sonhando com as paixões mundanas
que dilaceram os corações daqueles que as detêm.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Veneno à conta gotas





Eu apenas gostaria de pelo menos em algum momento, fingir que nunca o conheci,
E esquecer-me que o suave som das tuas palavras, acariciaram os meus ouvidos
No frenesi desses anseios me encontro perdida sonhando com um dia que habita na distância do inalcançável
E nisso infindáveis minutos transcorrem-se em demasiada lentidão
Mas afinal de contas, o que faço com tudo isso?
Já que o tempo tornou-se meu grande e principal inimigo
As janelas da esperança cerraram-se a mim, configurando-me no ser mais sequioso de tudo o que envolve a tua afeição
Não há nada mais imperfeito nesse mundo, do que sonhar com uma perfeição inexistente
Como é duro desfrutar a tua ausência
Como é insuportável a dor da incapacidade de alcançá-lo
Ás vezes penso que estou ficando louca, mas o que seria dos grandes amores avassaladores se não fossem os delírios desvairados de um sonhador qualquer
Entre tatos acontecimentos que compõem a vida desta desenfreada criatura, poucos mereciam tanta atenção, quanto aquele maldito dia em que este miserável e perdido olhar vislumbrou-se em você
Acredito piamente que as casualidades não existam nessa vida
Pois por mais insignificante seja o contato que estabelecemos com alguém, encontros só são possíveis com aqueles que necessitamos mesmo que indiretamente amar.
Mas como manter-se inteiro perante aos destroços que certos encontros nos impingiram?
Sabe...eu gostaria apenas desdobrar-me de minha carne para que em espírito pudesse ir ao teu encontro, e mesmo que você ignorasse minha presença, eu estaria ali de prontidão para vela o teu sono.
Mas enquanto levo os fardos das dores dessa vida continuo a lembrar-me de ti a fim de amenizar os efeitos do veneno que me mata pouco a pouco e a cada dia.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Espaços em Branco




Às vezes me ponho a pensar em todas as inevitáveis consequências que as as escolhas acarretam em nossas vidas. Passos em falso incumbem tristezas infinitas agregadas à grandes doses de desespero, amargura e dor.

Como existir e coexistir num mundo tão distante e de pessoas tão diversas daquilo que se aproximade nossa essência.

Convenções sociais torna-me escrava de mentiras irrefutáveis e fracassos inevitáveis. Então me perco entre minhas ilusões, que aparentemente me trazem o conforto da compensação para minhas ineficiências.

Na maioria das vezes, fujo do dragão da insegurança que insiste em não me abandonar. Entre essas e outras me disperso entre uma multidão de solitários que mergulhados em suas próprias vidas parecem não me notar.

Percebo assim, que sou apenas mais uma ingrata a caminhar nesta estrada paralela aos sentidos humanos e incapaz de enxergar a beleza existente no gênero de meu semelhante.

Somos mesmo assim, desconexos, dissemelhantes e incompletos, em busca daquilo que julgamos nos fazer felizes. Tudo sem observar a grande ciladaque a vida nos impõe: escrevê-la sem a oportunidade de rascunhar, desfrutá-la sem planos prévios, enfrentá-la de peito aberto, mesmo que isso signifique sangrar em consequência das flechas que certamente irá nos atravessar.

As incertezas me desestabilizam e me remetem ao remorso de covardia, que não me permite a plenitude de uma existência sem culpas. Contudo, seguir em frente faz-se necessário de uma maneira ou outra. Mesmo que um pedaço em mim esteja faltando.